CHEGA!!!!! CHEGA!!!! MAS CHEGA MESMO!!!!!
Emagrecer é um custo. Deus que me livre dessa tortura. Já falei mil vezes: agora eu começo, é hoje, agora é a minha vez, dessa vez ninguém me segura, mas fala sério. É tudo muito mais complicado do que pensamos.
Bom, mas dessa vez ninguém me segura mesmo. Mas mesmo mesmo. Eu dei um basta. Eu tenho que dar um basta. Esse excesso de peso está me sufocando, me impedindo de viver e, aos poucos, vai acabar me matando. Vou emagrecer, está decidido. É um recomeço, vou seguir sem atalhos, sem medicamentos. Eu já tentei de tudo. Já tomei medicamento, minha pressão foi lá em cima, passei mal, fiquei de cama, fui parar no hospital. Já não comi nada durante muito tempo e depois comi o mundo em trinta segundos. Já fiquei sem comer doce, mas, em compensação, comia pão, frituras. Como se isso fosse me fazer emagrecer. Eu preciso mesmo é emagrecer saudavelmente, eliminar essa massa suína de maneira eficiente e duradoura (hahaha)
Fala sério!!! Eu estou pesando 86,5kg. Ahhhhhhhhhhh! Só gritando mesmo. Isso me assusta e como. Tenho dormido mal e estou mais preguiçosa do que tudo e todos. E cadê meu ânimo? Deve estar guardado naquela gaveta, onde estão todos os meus sonhos, meus objetivos, prioridades e pendências?
Quando eu virei essa pessoa? Quando eu deixei que a comida conseguisse me dominar? Quando eu parei de acreditar em mim e no amanhã?
Por isso eu digo mais uma vez: chega, chega, mas chega mesmo. É definitivo. Tenho que começar a pensar em mim e me pôr em primeiro lugar sempre. Eu sou a pessoa mais importante da minha vida e emagrecer é o melhor presente que eu posso me dar, lembrando ainda que a única pessoa que pode me presentear com a eliminação desse excesso de gordura e dessa vida ‘doente’ sou eu mesma. O maior presente que eu posso e quero ganhar não é a comida, mas sim a minha felicidade, o meu emagrecimento.
É, engraçado como, nós, gordinhos, temos mania de culpar a tudo e todos pelo nosso excesso de peso. A comida tem, para nós, mil funções. Comemos quando estamos sozinhos, quando casamos. Comemos porque estamos tristes, cansados, estressadas, felizes. Comemos porque estamos com fome, porque somos/estamos ansiosas. Comemos porque mudamos, porque moramos com muita gente ou porque moramos sozinhos. Comemos porque Fulano nasceu, comemos porque Ciclano morreu. A comida é uma desculpa para tudo. Comemos porque são férias, porque é final de semana, porque é Páscoa, porque é Natal, porque é Carnaval, porque é Dia das Mães. Ah, nem! E aí o que aconteceu nessas férias que estão acabando? Fiquei enfurnada dentro de casa, morrendo de vergonha de sair e fiz o quê? Comi, me senti culpada e fiquei triste porque comi e, então, comi mais um pouquinho, me senti culpada, fiquei triste e comi mais. É um ciclo nada saudável e completamente vicioso.
Quando um gordinho vira ex-gordinho, ou melhor, se torna uma pessoa melhor e mais saudável, foi preciso um ‘basta’. Cada um tem seu limite, porque cada ser humano funciona de uma maneira diferente. Alguns fofinhos (apelido carinhoso para pessoa obesa) precisaram da ajuda do espelho. Como fugimos léguas dos espelhos, não os queremos dentro do banheiro e nem no retrovisor do carro nos olhamos, aquele ‘basta’ para alguns pode ser através do espelho sim. Já ouvi historias de pessoas que ao se olharem no espelho assustaram com o que viram. Independente do ângulo, os peitos estavam em cima da barriga e a barriga caindo até a coxa. Outros gordinhos deram o seu ‘basta’ quando se depararam com uma foto tirada em um momento nada preparado. Ainda mais com o mundo tecnológico. Humm... Quem nunca pegou uma criança ou um cachorro e colocou no colo, na frente para tampar a barriga? Quem nunca posou de perfil para que assim pudessem ser evitadas as bochechas gigantes e, agora com essas máquinas digitais, quem nunca cortou uma foto para que assim fossem eliminadas, apenas virtualmente, as gordurinhas? A fotografia pode ser um fator decisivo sim, porque muitas vezes não conseguimos enxergar o quão gordo estamos e a foto nos traz a realidade em forma de imagem. Algumas pessoas assustam ao se pesarem na balança, porque ninguém pesa para saber o quando esta engordando, né? Já o meu ‘basta’ ocorreu ontem quando eu avistei uma pessoa conhecida na rua, um cara com quem já tive um affair. Com vergonha do meu excesso de peso, eu atravessei a rua, comecei a suar frio, minhas pernas começaram a tremer e rezei bastante pra que ele não me reconhecesse ou não me visse. Não que eu tenha algum interesse nele, não é nada disso, é um sentimento difícil de descrever em palavras sem parecer piegas. É uma vergonha enorme, uma vontade de virar um avestruz e enterrar sua cabeça debaixo da terra para ver se suas preces, suas vontades e sua vergonha monstruosamente monstruosa façam com que aquele momento embaraçoso vá embora e não deixe nenhum rastro. Felizmente, a pessoa não me viu ou fingiu não me ver, mas aquilo me deixou triste, triste comigo mesma. Triste por ter me permitido chegar aonde cheguei e da maneira que cheguei. Aquele momento ridículo me fez pensar na minha vida. Irei me esconder até quando? Irei ser essa pessoa infeliz até quando? E sabe o que é mais engraçado? Quanto mais eu me escondo, mais eu como. Por isso, hoje, dia 19 de julho, eu resolvi dar um jeito nessa lengalenga. Não é tentar, não é querer, é conseguir. Tropeçarei, tropeçarei sim, porque todo ser humano normal comete erros, falha e cai, mas no fundo do meu poço vai ter uma mola e, por isso, erguerei minha cabeça, empinarei meu nariz e olharei pra frente sempre, pensando sempre, primeiramente, nos meus prós e não apenas nas concessões que farei. Cansei de trazer a falta de credibilidade e o fracasso junto a mim e agora andarei de mãos dadas com a confiança e o sucesso. Não pensarei mais no prazer imediato que a comida me traz, mas nas enormes e mínimas (é um paradoxo sim) coisas que o emagrecimento me trará.
Como dizia Luis Fernando Veríssimo, tudo mudou:
“O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
...
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
...
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças”.
E são essas pequenas grandes diferenças que me farão alcançar esse meu objetivo de vida.